Religioso promoveu vários casamentos ilegais de seus seguidores com menores de idade
Um tribunal da província canadense de Colúmbia Britânica condenou dois líderes religiosos pela prática de poligamia.
Winston Blackmore, de 61 anos, tinha se casado com 24 mulheres, com quem teve um total de filhos estimado em 145.
Um ex-cunhado dele, James Oler, 53, se casou com cinco mulheres.
Ambos podem pegar até cinco anos de prisão.
Blackmorer e Older são membros da Bountiful, uma comunidade alternativa fundada em 1946 na Colúmbia Britânica e que conta com cerca de 1.500 pessoas. Os dois são ex-bispos de um ramo dissidente da Igreja Mórmon chamado Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo em Seus Últimos Dias (FLDS na sigla inglesa).
A comunidade e o braço canadense da FLDS vinham sendo investigadas pelas autoridades desde os anos 90.
A seita também existe nos EUA e conta com 10 mil praticantes. Ao contrário da Igreja Mórmon, que aboliu a poligamia no final do século 19, a FLDS considera os casamentos múltiplos como um dos pilares de sua fé.
No Canadá, porém, a poligamia é ilegal, com base na Seção 293 do Código Penal.
Nem Blackmore nem Oler negaram ser polígamos no tribunal. E, após o anúncio da condenação, Blackmore disse à imprensa que “tinha sido condenado por viver de acordo com sua religião”, e que nunca tinha escondido seus casamentos múltiplos.
“Depois de 27 anos de investigações e dezenas de milhões de dólares gastos, a única coisa comprovada é algo que nunca negamos. Nunca neguei minha fé”, disse.
A FLDS também é polêmica por conta de seu ex-líder, o americano Warren Jeffs, considerado um profeta por seus seguidores. Jeffs, que excomungou Blackmore em 2002, e nomeou Oler como seu substituto no cargo de bispo da FLDS no Canadá, cumpre pena de prisão perpétua nos EUA por assédio sexual de menores de idade que considerava suas “esposas”.
Uma investigação do FBI revelou que Jeffs promoveu vários casamentos ilegais de seus seguidores com menores de idade.
A batalha legal contra a seita no Canadá, porém, esbarrou em problemas de interpretação da lei. Até que, em 2011, a Suprema Corte de Colúmbia Britânica determinou a constitucionalidade da leis antipoligamia, a pedido do governo da província.
O parecer da corte foi de que a Seção 293 era uma “restrição razoável” às liberdades religiosas.
Mas a condenação de Blackmore e Oler não deverá ser o último capítulo desta saga legal.
O advogado de Blackmore, Blair Suffredine, disse antes do veredito, que entraria com uma ação contra a Seção 293. Alguns comentaristas de assuntos legais acreditam que o caso pode chegar à Suprema Corte do Canadá.
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Fonte:R7