GEORGETOWN – A descoberta de significativas reservas de petróleo na Margem Equatorial transformou a economia da Guiana, colocando o país rumo a um crescimento exponencial no PIB per capita. Este ano, a Guiana está prestes a ter o maior PIB per capita da América Latina, e no próximo ano, segundo projeções, ultrapassará os Estados Unidos na comparação em paridade de poder de compra (PPC). O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que até 2028, o país poderá ter o maior PIB per capita do mundo, superando nações como Luxemburgo e Macau.
Embora esses indicadores econômicos sejam impressionantes, a distribuição de riqueza na Guiana continua desigual. Apesar da redução da pobreza de cerca de 60% em 2006 para aproximadamente 40% no ano passado, grande parte dos lucros gerados pela exploração do petróleo beneficia predominantemente multinacionais.
A situação na Guiana lança luz sobre o debate no Brasil em torno do potencial não explorado na Margem Equatorial. Em entrevista ao programa “Diálogos com a Inteligência”, o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, destacou a discrepância entre o sucesso guianense e a hesitação brasileira: “A Petrobras tem tecnologia e expertise comprovadas na exploração de petróleo em áreas submarinas, sem impactos significativos ao meio ambiente. É crucial diferenciar os riscos atuais da tecnologia moderna das operações passadas.”
Castello Branco compartilha da mesma visão da atual presidente da Petrobras, Magda Chambriard, apesar de suas divergências políticas. Chambriard recentemente comentou sobre as dificuldades na obtenção de licenças para explorar áreas na Margem Equatorial brasileira, sugerindo que o impasse vai além de questões técnicas: “É difícil acreditar que a falta de autorização para a exploração seja puramente técnica. Essa questão transcende para o campo político.”
Enquanto a Guiana avança aproveitando seus recursos naturais, o Brasil enfrenta um debate complexo que envolve preocupações ambientais, econômicas e políticas. A decisão futura sobre a exploração na Margem Equatorial não só moldará o futuro energético do país, mas também influenciará seu posicionamento global na economia de recursos naturais.