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CASO RADASA: Confira a íntegra da entrevista com detalhes relatados pela vó da menina

Atualizado há

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Confira a última parte da entrevista com a vó da pequena Radasa, Georgette Teixeira de Moura, concedida com exclusividade à reportagem do LPM News. Abaixo, a íntegra, sem cortes (não usamos os nomes das pessoas envolvidas, apenas fizeram referências às devidas pessoas).

LPM: Como aconteceu tudo?

Georgette: O caso foi assim… de manhã, quando a DJ chegou, foi com uma moça junto. A A**** ainda não tinha chegado e nem o pastor. Eu disse: “vocês não vão esperar por eles? Eles estão chegando. Podem sentar. Fiquem à vontade”. Foi quando ela olhou para mim e disse: “não, estou querendo o dinheiro para gente conferir aqui para gente ver como vamos fazer. Ver se já dá pro enterro”. Aí eu disse: “eu acho bom porque fica no gelo (câmara frigorífica) e aí demora muito e tem que pagar muito. O dinheiro já dá?” Ela disse: “eu vou conferir”. Eu disse novamente: “ (o dinheiro) não está comigo não, está com minha filha. Ela que guardou. Eu tomei muito medicamento à noite e não tô sabendo bem como tá isso”. Aí ela pediu da minha filha. Minha filha foi buscar, colocou o dinheiro na ponta da mesa. Ela (a DJ) já foi passando para um senhor. Eu perguntei dela: “quem é esse senhor?” Ela disse que era esposo dela. “Pode confiar, fique tranquila”. Eu disse: “não estou desconfiando. Só quero saber se já dá (pro enterro)” Ela conferiu, colocou o dinheiro na mesa. Aí a outra moça (que foi junto com a DJ), deu mais mil SRD. Eu abracei ela, agradeci. Eu perguntei pra DJ se já dava pra fazer o enterro com aquele dinheiro. Ela disse que sim. Que dava sim e que ela já ia começar a ajeitar. Aí eu disse: “é bom esperar ( a A*** e o pastor)”. Ela disse: “eu vou esperar”. Nesse que ela disse que ia esperar, ela disse que não ia mais. “O dinheiro já está todo certinho”, ela disse e tava filmando. Botou na mesa (o dinheiro). Eu abracei ela. Agradeci ela por tudo que ela fez, de ter juntado o dinheiro pra fazer o enterro da minha neta. O caso foi assim… e abracei em agradecimento.

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LPM: E depois?

Georgette: Depois eu perguntei: “E agora vocês vão esperar o pastor chegar e a A****?” Ela disse: “não, a gente vai logo ajeitar os papéis que aí já vai mais rápido”. Aí eu agradeci ela, a outra moça que me deu os mil SRD. Mas eu não sabia que ela (a moça que estava com a DJ) era dona de funerária ou cemitério ou alguma coisa assim. Eu só via ela como uma moça que fez a doação (dos mil SRD). Então, já estavam todos planejando fazer isso. Quando a A*** e o pastor chegaram e disseram: “cadê o dinheiro para gente acertar logo tudo e deixar tudo aos conformes porque vai ser enterrado num lugar bom e assim desse jeito”. Aí eu disse que a DJ ia ajeitar os papéis. Ele disse: “Que papéis? Que eu já liguei pra lá. Tá tudo certo”. Aí eu disse: “não vão cobrar mais?” Ele disse: “não, não vão porque pra isso eu já ajeitei tudo”. Aí eu: “meu deus. E ela foi fazer a mesma coisa”.

LPM: O que houve depois disso?

Georgette: Aí o pastor ligou para ela e disse que ela não fizesse nada porque já estava tudo pronto. E aí fazer tudo de uma vez só, pagar de uma vez só, para poder enterrar minha netinha. Dar um enterro digno, né… Aí ela (DJ) disse: “a gente já está ajeitando. Não se preocupe que nós já estamos aqui”. E o pastor estava falando com eles. Não me lembro bem o que era que eles estavam conversando porque eu estava muito dopada. Muito remédio. Muito calmante. Mas eu disse assim: “se tá todo mundo junto, tem que ser todo mundo junto”. Aí eu falei: “pastor, me dê o telefone”. E falei pra ela: “olha, venha, traga o dinheiro que é pra ajeitar tudo direitinho aqui, pra ir tudo certinho”. Ela não me escutou. Não me deu ouvido.

LPM: E nesse momento, a senhora passou mal?

Georgette: A A*** passou mal. Foi para o hospital. Uns dez minutos, a DJ chegou e disse: “tá tudo resolvido. Tá tudo pago. Tá aqui o que sobrou (de dinheiro)”. Ela e o esposo dela. A outra (a mulher que fez a doação dos mil SRD) não veio mais. Aí eu perguntei da DJ assim: “vai ser do mesmo jeito que o Pastor e a A*** estavam fazendo? Tudo do mesmo jeitinho?” Ela disse que sim. Que ia ser do mesmo jeitinho, de alvenaria, que ia ser num lugar sequinho. Só tinha um porém que ia ser mais afastado um pouquinho. Mas que ia ser do mesmo jeitinho, só mudava o nome da funerária. Só isso. Porque pra isso eu tenho prova de uma moça que é vizinha e chegou aqui em casa e estava escutando essa conversa, quando eu perguntei dela. E ela disse que só mudava o nome da funerária. Só isso. E que foi mais barato só por causa do nome, mas que ia ser no lugar do mesmo jeitinho. Num lugar sequinho.

LPM: E tudo aconteceu do jeito que a senhora esperava?

Georgette: Tá bom, eu confiei nela. Aí ela disse que ia ser de 9h30 pra 10h o enterro. Que era pra gente tá pronta que o carro ia buscar. Pois é… aí nós fomos no outro dia. A moça A**** passou muito mal. Desmaiou. Eu também desmaiei naquela aflição toda. Na hora que eles estavam tentando ajeitar que era pra poder ser no cemitério bom. E foi assim. O que ela me prometeu não foi nada cumprido do que ela me prometeu. Ela mentiu pra mim. Porque quando foi na hora de enterrar minha netinha, colocaram dentro de um buraco só com umas plantas, tipo pra enganar, né… quando o caixãozinho, que eles abaixaram, entrou água dentro que eu vi, eu vi… aquilo me deu uma dor grande. Muito grande por ter sido tão enganada desse jeito e ter colocado minha netinha amada lá dentro. E depois jogaram a terra por cima como quem bota um animal. Sabe? E não teve túmulo de nada. Nem de alvenaria, nem nada. Tá lá… no meio do corredor, todo mundo passando por cima. Assim que ela fez com minha neta.

LPM: Como a senhora se sentiu vendo essa situação?

Georgette: Essa é a maior tristeza da minha vida que eu estou carregando. Uma dor toda vez que me lembro da situação dela ter ficado desse jeito. Isso é a minha dor. Não é dor de acusação, das mentiras que estão falando aí, que eu fumo droga, muitas coisas, que não é bom nem relatar. Eu fiquei com as crianças um tempo e disseram até que eu tinha quebrado o braço das crianças. Que eu queimava  (as crianças), que eu fiz várias coisas, mas eu nunca fiz isso. E eu tenho como provar, eu tenho tudo como provar o bom tratamento que dei para todas as crianças. Que inclusive, a mãe desse menino quando foi buscar eles foi colocar no Facebook como eles estavam. Todos muito educados. Limpos. Prova e mais prova eu tenho. Eu tinha uma menina de 12 anos, outra de 14 anos. Então são meninas que sabiam de tudo e sabem. E como foi que eu recebi essas crianças. As crianças chegaram na minha casa com a orelha mordida, cheia de perebas no corpo, cheia de piolho e sentindo dor de ouvido. Que a minha vizinha debaixo é testemunha também e viu tudo. Eu tenho muitas acusações. Que eu tenho que pegar cadeia, me ameaçaram de morte, muitas coisas… foram muitas pessoas que viram. Muita gente que nem sabe da minha história. Sem saber de nada que acontecia dentro de casa. Mas isso eu não ligo. Das acusações. A única dor que mais sinto é de ter sido acusada de coisas que não são verdades, das coisas que falaram do pastor, da A*** e o que fizeram com a minha neta. Essa injustiça é a maior dor da minha vida, dessa grande mentira. Se apoderaram e formaram muitas coisas de mentira em cima de mim.

LPM: Em algum momento a senhora mentiu?

Georgette: Olha, eu vou confessar uma coisa: eu menti. Eu disse que as crianças de uma filha eram da outra filha que faleceu. Mas a minha mentira foi essa. Foi a minha única mentira para adquirir remédio, roupa, ajuda de aluguel e até mesmo comida. Porque você não sabe o que é sentir a dor de um neto olhar para você e dizer: “Mamãe, estou com fome”. Pois eu saía mesmo atrás. E se eu tiver que ser castigada por isso, eu irei. Mas por outro motivo não. E o que essas mulheres fizeram é pior que a mentira que eu disse. Que a minha pelo menos foi para cuidar dos meus netos, encher a barriga deles e pagar uma moradia. Não ter feito o que elas fizeram. De enterrar a minha neta como enterra um animal. Sem túmulo, sem nada… mas eu vou ter condições um dia de fazer o túmulo da minha neta. Essa moça, a A****, viu toda a minha situação. Ela sempre foi exemplar em fazer tudo o que estava ao seu alcance. Nunca precisamos fazer nada, ela sempre fez tudo. Ela até tirou dinheiro da própria bolsa para comprar remédios para as crianças. O Pastor foi em minha casa três vezes, a primeira vez para saber da minha história. Quando ele soube, até trouxe alimentação. Mas ele não sabia de toda a minha história. Depois que minha neta faleceu, eu fiz uma confissão para ele diante de minha filha e da A****. Naquele momento, meus dois netos estavam doentes, um com febre e o outro quase desmaiando. A A****, que tem um coração enorme, colocou os dois no carro, levou-os para o pronto-socorro e comprou todos os medicamentos necessários. Infelizmente, as coisas já estavam se espalhando pelos grupos.

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