GEORGETOWN – O Exército brasileiro concluiu o envio de 28 blindados para o estado de Roraima, como parte da Operação Roraima, que visa reforçar a segurança na fronteira com Venezuela e Guiana. A medida foi tomada em resposta ao aumento das tensões entre os dois países devido à disputa pela região de Essequibo.
A Operação Roraima faz parte do planejamento estratégico do Exército Brasileiro, que busca reforçar e priorizar a Amazônia. O projeto prevê um aumento de 10% no efetivo de tropas nos Comandos Militares do Norte e da Amazônia. A estrutura militar em Roraima está sendo ampliada de esquadrão para regimento, com previsão de conclusão em 2025, resultando em três esquadrões e cerca de 600 militares.
Os blindados, que partiram de Campo Grande (MS) em 17 de janeiro, percorreram mais de 3,5 mil quilômetros até chegar a Manaus, sendo posteriormente deslocados para Roraima. O comboio incluiu Viaturas Blindadas Multitarefa 4×4 Guaicurus, equipadas com sistemas de armas controlados remotamente, além de Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal e de Reconhecimento Média Sobre Rodas, entre outras viaturas administrativas.
A iniciativa ocorre em meio à disputa territorial entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo, reacendida no ano passado quando o governo venezuelano reivindicou o território. Em dezembro, os eleitores venezuelanos aprovaram, em referendo, a incorporação de Essequibo, que representa 75% do território atual da Guiana.
Essequibo, com 160 mil km² e uma população de 120 mil pessoas, está sob controvérsia desde 1899, quando foi entregue à Grã-Bretanha. A Venezuela não reconhece essa decisão, considerando a região como “em disputa”. Em 1966, as Nações Unidas intermediaram o Acordo de Genebra, estabelecendo que a região ainda está “por negociar”. Estima-se que Essequibo possua bilhões de barris de petróleo.
Após o comprometimento dos presidentes da Venezuela e Guiana, em dezembro de 2023, de não utilizar a força para resolver a controvérsia, o Brasil mediou o encontro e uma nova reunião está prevista para março deste ano para dar continuidade às negociações. O reforço militar brasileiro visa garantir a estabilidade na região e contribuir para uma solução pacífica no cenário de disputa territorial entre os países vizinhos.