A receita de apenas uma bolsa de garimpo de ouro nos rios da Amazônia pode render até R$ 1,6 milhão ao mês. É o que estima o estudo “Abrindo o livro caixa do garimpo”, divulgado pelo Instituto Escolhas, na última sexta-feira (16). Já o responsável pela extração pode lucrar aproximadamente R$ 632 mil.
Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Escolhas, alertou para o fato dos garimpos serem empreendimentos com alto investimento e uma renda “considerável”, beneficiada na maioria das vezes pela Legislação que quase não faz exigências para autorizar operações.
“[…] Não atrela ao garimpo a responsabilidade de recuperar as áreas devastadas e contaminadas pelo mercúrio. Aí, reside o interesse em seguir mantendo a aura artesanal do garimpo, que já não é realidade há muito tempo”, acrescentou.
De acordo com a investigação, o investimento inicial para abrir, de maneira legal, uma unidade de garimpo de bolsa – realizado nos rios – na região amazônica é em torno de R$ 3,3 milhões. Com esse valor, o proprietário consegue comprar o maquinário e equipamentos usados na extração e manuseados por 18 garimpeiros.
Já nas operações do garimpo de baixão – realizado em terra, próximos ao leito dos afluentes – , o faturamento mensal pode chegar a R$ 930 mil, e o lucro em torno de R$ 343 mil mensais. O estudo já contabilizou no valor despesas com internet, remuneração dos garimpeiros e das cozinheiras, além de incluir no cálculo o operador da retroescavadeira.
E é essa atividade que vem ao longo dos anos ganhando ainda mais força na extração de minérios. Larissa explica que antigamente, era necessário ao menos um mês para derrubar uma floresta e abrir uma área de garimpo, hoje, a situação está mais facilitada. “As retroescavadeiras fazem isso em uma semana”, destacou.
Operações da PF fecham garimpos no Pará
Com o número de garimpos ilegais divulgado no sábado (17), agora, ao menos 20 foram fechados em pouco mais de um mês em operações da Polícia Federal (PF) em municípios do interior do Pará. A mais recente delas, ocorreu na última sexta-feira (16), e interrompeu quatro pontos ilegais que poluíam o rio Aquiri, afluente do rio Itacaiúnas, em área de conservação ambiental, no município de São Félix do Xingu. Uma pessoa foi presa e equipamentos foram inutilizados.