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“Atentado de Barcelona mostra que estamos todos ameaçados”, diz especialista

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Ele conta que seu filho se recusou a viajar para Londres por causa do medo do terrorismo

Foi a vez da Espanha. Aquilo que simboliza o lado mais bonito da identidade de um país se tornou também alvo do terror por lá. Barcelona e suas ruas góticas, seu estilo eclético com calçadas lotadas de pessoas passeando, conversando, tomando sorvete no bulevard Las Ramblas se transformou em um palco de desespero após o atentado desta quinta-feira (17), que deixou pelo menos 13 mortos após atropelamento. Tal situação já extrapolou as análises sociológicas, para o renomado escritor italiano, morando na Espanha, Luca Caioli.

Filósofo com doutorado pela Universidade Estatal de Milão, ele acredita que, indo além da tese da exclusão social dos muçulmanos na Europa, a bandeira destes agressores já não está relacionada apenas à causa social e religiosa.

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— O atentado de Barcelona mostra que estamos todos ameaçados. Não há um sentido claro para esse tipo de ação, mas a verdade é que qualquer verão pode se tornar dramático.

Situações deste tipo têm se repetido na Europa. Este foi o oitavo ato em que um veículo acelera contra uma multidão, desde 14 de julho de 2016, em Nice, até o último dia 9 de agosto, em Paris. Isso sem contar a ocorrência de atentados com tiros e explosões em Paris em janeiro e novembro de 2015, além de outros em Londres e em Manchester, este em 22 de maio último.

O escritor conta ter vivenciado outros tempos difíceis na Europa em décadas passadas. Mas de um terror interno, movido por ideologias radicais. Ele diz que, diferentemente de antes, as ações atuais têm trazido prejuízos a todos os países e continentes, mostrando que neste momento não há fronteiras para elas. E vê esse fenômeno inclusive em sua família.

— Depois do atentado de 2004, a Espanha tinha saído do foco dos terroristas. Agora voltou e mostrou que o terror está espalhado pelo mundo, na Europa e nos Estados Unidos. Tenho um filho de 12 anos e, na semana passada, após convidá-lo a vir comigo para Londres, onde eu tinha reunião de trabalho, ele me respondeu: “Ah não, lá há muitos terroristas”.

Caioli destaca que o atentado em Barcelona tocou de maneira especial seu filho. O menino passou a tarde desta quinta-feira procurando saber notícias de amigos que moram na cidade catalã.

— A presença do terrorismo já repercute nos jovens europeus. Eles veem imagens trágicas, escutam sobre a ação desses terroristas, ficam sabendo que elas têm ocorrido nos lugares mais atraentes e ficam preocupados. Descobri até que na Inglaterra as escolas estão incluindo a disciplina “terrorismo”.

Este momento é único, na opinião do escritor. Em sua juventude na Itália, ele lembra dos momentos de apreensão, numa fase em que ideologias políticas extremadas também provocavam ataques a inocentes. Assim como na Espanha, onde ele também acompanhou ataques do grupo separatista ETA.

Olhando para sua infância e juventude nas ruas milanesas, revela com detalhes como era a atmosfera em seu país, no período chamado de “Anos de Chumbo” na Itália, a partir dos anos 70. As cidades locais viviam impregnadas por essa guerra política, que recheavam as esquinas de tiroteios e deixavam bancos e estações em estado de pânico.

Tudo começou, conforme ele conta, com o atentado de 1969, em Milão, quando a sede da Banca Nazionale dell’Agricoltura foi atacada. Depois, entre outros, veio o massacre na estação de trem de Bolonha, em 1980, quando 85 pessoas foram fuziladas por terroristas políticos.

— Vivemos épocas muito duras na Itália e na Espanha, entre outros. Inocentes que estavam em estações, na rua, passeando, também morreram. A diferença agora é que os ataques são contínuos, globais, não têm sentido, surgem de repente com alguém sacando metralhadoras ou atropelando pessoas. É algo mais estendido e mais incontrolável e é isso que dá mais medo.

Proximas gerações

Caioli é um conhecedor de Barcelona, onde realizou pesquisas e entrevistas para a biografia do jogador Messi, de sua autoria. Já passou várias vezes pelo local do atentado e consegue descrever o clima de harmonia que sempre caracterizou aquela região, uma das mais nobres da Espanha.

— Las Ramblas é uma das ruas mais turísticas de Barcelona, com milhares de pessoas, locais e estrangeiros passeando, desfrutando, tomando uma cerveja. Foi algo semelhante ao que ocorreu em Nice.

Atentado em Barcelona deixa 13 mortos e mais de 100 feridos

Ele admite que tudo isso gera um caldo de cultura que poderá afetar as próximas gerações, tornando-as ainda mais ensimesmadas. Mas acredita que o modo de vida ocidental, com tradicionais ruas, cheias de vida e contemplação, não será derrotado.

Mesmo porque, apesar de considerar que este estilo de vida seja um dos motivos da fúria dos radicais, outra causa mais prática move tais ações, na opinião do escritor.

— Eles atacam esses locais porque é mais fácil. São lugares que estão cheios de gente, que estão passeando, conversando, curtindo o verão. Então eles pegam um caminhão, um carro e saem em velocidade, matando quantas pessoas quiserem.

Fonte: R7

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