CARACAS – No domingo (3), os venezuelanos foram às urnas para um referendo que levantou preocupações locais e internacionais. A proposta do governo venezuelano de criar um novo estado em Essequibo, uma região atualmente controlada pela Guiana, foi aprovada por mais de 95% dos eleitores, de acordo com o governo de Nicolás Maduro. No entanto, a baixa participação e a falta de uma campanha oficial contrária ao referendo levantaram dúvidas sobre a legitimidade do processo.
Essequibo é uma região disputada entre Venezuela e Guiana, e a aprovação do referendo aumentou as tensões na região. O Brasil já reforçou a presença militar no norte de Roraima, que faz fronteira tanto com a Venezuela quanto com a Guiana, como medida preventiva diante do risco de conflito armado.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, tentou acalmar os temores, afirmando que “não há o que temer”, enquanto o ministro do Trabalho do país, Deodat Indar, destacou que o governo não tolerará invasões em seu território. O Brasil, através da secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Gisela Padovan, expressou a esperança de uma “solução pacífica” e está em diálogo com ambas as nações.
A votação, contudo, não é vinculante automaticamente, sendo apenas consultiva. Embora represente um passo que Caracas vê como crucial para tomar controle da região, a Corte Internacional de Justiça ainda não se pronunciou sobre o plebiscito. Essequibo, com mais de 70% do território da Guiana, possui uma área maior que a da Inglaterra.
O baixo comparecimento às urnas levantou suspeitas, com a oposição venezuelana acusando o governo de usar a pauta de Essequibo como cortina de fumaça para as eleições de 2024. Denúncias de retenção de estudantes menores de idade em escolas para votar também foram feitas pela oposição.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarou uma “vitória esmagadora” e afirmou que o resultado ajudará o governo a “recuperar o que os libertadores nos deixaram”. No entanto, líderes opositores, incluindo María Corina Machado, planejam recorrer à Corte Internacional de Justiça para contestar o referendo.
As complexidades geopolíticas na região envolvendo Essequibo e a tensão resultante do referendo exigem uma análise cuidadosa das implicações políticas, econômicas e sociais que podem surgir nos próximos dias e semanas.