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Após visita Lula na fronteira com a Guiana, Brasil transporta Yanomami desnutridos para receberem tratamento urgente

Ministério dos Povos Indígenas informou esta semana que cem crianças de 1 a 4 anos da comunidade Yanomami morreram de desnutrição, pneumonia e diarreia.

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No Brasil, 16 indígenas Yanomami desnutridos foram retirados da selva para receber tratamento urgente, depois de o governo ter declarado emergência médica, na sequência da morte de centenas de crianças.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou o seu antecessor, Jair Bolsonaro, de cometer um genocídio contra a tribo da floresta tropical. As mortes estão ligadas à poluição da água causada pela exploração mineira e pelo abate de árvores numa zona densamente arborizada, onde a insegurança alimentar é generalizada.

No sábado, o presidente Lula visitou Roraima, que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana, na sequência de relatos de desnutrição grave entre as crianças Yanomami e disse que estava “chocado” com o que encontrou.

“Mais do que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio: um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento”, afirmou Lula. “Vim aqui para dizer que vamos tratar o nosso povo indígena como seres humanos”.

Estima-se que 28.000 povos indígenas vivam na reserva Yanomami, onde caçam, cultivam em pequena escala e vivem em pequenas aldeias dispersas e semipermanentes.

Nos seus quatro anos no poder, Bolsonaro criticou frequentemente a dimensão das reservas indígenas e prometeu abrir algumas delas à agricultura e à exploração mineira. Durante o seu governo, as proteções ambientais foram reduzidas e os críticos afirmaram que a sua retórica encorajava a atividade ilegal na região.

O Ministério dos Povos Indígenas informou esta semana que cem crianças de 1 a 4 anos da comunidade Yanomami morreram de desnutrição, pneumonia e diarreia. Um aumento sério dos casos de malária também foi relatado no ano passado.

O novo governo de Lula diz que mais de 500 crianças indígenas morreram nos últimos anos devido à água potável contaminada com mercúrio, que está diretamente ligada à extração ilegal de ouro.

Além do transporte aéreo de alguns dos membros mais doentes da tribo, as autoridades brasileiras anunciaram que o Ministério da Saúde iria criar um hospital de campanha e enviar mantimentos e profissionais de saúde para a área.

O ministro da Justiça do Brasil anunciou que a Polícia Federal vai investigar eventuais omissões de funcionários públicos, de todos os níveis, sobre a crise humanitária que afeta esta comunidade.

O anúncio surgiu poucos dias depois de o próprio governante ter visitado a zona. “Não tenho dúvidas, embora obviamente não me caiba julgar, de que há fortes indícios da prática do crime de genocídio”, afirmou Flávio Dino durante um encontro com a imprensa.

O responsável pela pasta da Justiça brasileira explicou que as mortes por desnutrição e doenças curáveis, o desvio de dinheiro que se destinava à compra de remédios e vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2, ou “pouco ou nenhum” acesso aos sistemas de saúde “levam a um cenário de possível desmonte [retirada] intencional” de serviços para o povo Yanomami.

As declarações do ministro da Justiça vão ao encontro das expressas há dias pelo Presidente Lula da Silva.

O Governo relaciona esta situação com os incentivos e a defesa que era oferecida aos exploradores ilegais de ouro e outras pedras preciosas. Flávio Dino referiu que no relatório que enviou à Polícia faz alusão, com especial atenção, a este assunto.

 

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