Ainda sem garantia de que terá licenças ambientais, a Petrobras inclui em seu plano de negócios 16 poços exploratórios na chamada margem equatorial, faixa de litoral que vai do Ceará ao Amapá. A região se tornou uma das apostas da estatal após a descoberta de reservas gigantes de petróleo na Guiana.
A margem equatorial tem quase a metade do orçamento da Petrobras para buscar novas jazidas pelos próximos cinco anos. São cerca de R$ 15 bilhões, valor equivalente ao que a empresa pretende gastar com exploração no Sudeste e na Colômbia.
A exploração de petróleo na região, porém, é alvo de protestos de ambientalistas, que temem principalmente danos a corais na área da foz do rio Amazonas, movimento que levou a petroleira francesa Total a vender concessões locais à Petrobras.
Nas últimas semanas, a indústria tem recebido apoio de representantes do alto escalão do governo Bolsonaro. Em outubro, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, defendeu que é possível explorar petróleo na região de forma sustentável.
Nesta terça-feira (29), o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida também afirmou que é possível fazer de forma sustentável e argumentou que “é fundamental explorarmos nossas riquezas”. “Se não explorarmos, alguém vai ficar com elas.”
Na tentativa de obter licença ambiental para a atividade, a Petrobras realiza um teste de perfuração na área este mês. Vai simular como será a estrutura de contenção e emergência para vazamentos de petróleo.
“Temos grandes expectativas para essa área”, disse nesta quinta (1º) o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges. Os primeiros objetivos têm estruturas semelhantes às das descobertas gigantes feitas pela ExxonMobil na Guiana.
Borges ponderou, no entanto, que é uma região ainda em fase exploratória bem preliminar e não é possível fazer projeções de descobertas ou prazos para início da produção de petróleo e gás.
Assim, o grosso do orçamento da companhia para os próximos cinco anos permanece na região do pré-sal, principalmente no litoral do Rio de Janeiro. O pré-sal receberá dois terços dos US$ 64 bilhões (cerca de R$ 400 bilhões) de investimentos previstos para os próximos cinco anos.
Nesse período, a Petrobras pretende instalar 18 novas plataformas de produção, 12 delas no pré-sal. Outras duas serão instaladas nas águas profundas do litoral de Sergipe, última grande província produtora descoberta no Brasil.
Com as novas unidades, a estatal espera elevar sua produção de petróleo e gás de 2,6 milhões de barris de óleo equivalente em 2023 para 3,1 milhões de barris de óleo equivalente em 2027. Somando a fatia de seus sócios, a produção operada pela Petrobras chegará a 4,7 milhões de barris no fim do período.