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A resposta do sucesso do novo “Missão Impossível” é simples: Tom Cruise

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“Como ele consegue?” A pergunta vale para a cena inicial de “Missão Impossível: Nação Secreta”, em que, sem trucagens digitais, Tom Cruise agarra-se, pelo lado de fora, a um avião que está decolando! Mas também vale para o padrão de qualidade do novo filme da série iniciada em 1996, que consegue, ao mesmo tempo, ser o melhor de todos os “Missão Impossível” e também um dos grandes sucessos da temporada do verão americano. “Como ele consegue?”

A resposta é até simples: sendo Tom Cruise. O ator de 53 anos faz parte de uma raça em extinção, mas que de vez em quando se ergue com fúria, a dos astros de cinema. Cada vez mais, filmes ancorados por um único nome no pôster têm dado espaço, no topo das bilheterias, a produtos –de super-heróis a adaptações de outras mídias.

Cruise entende profundamente não só o negócio do cinema, mas também como lidar com suas fases. Como produtor, dá pitaco em cada etapa da confecção de seus filmes, escolhendo elenco e equipe, e também se colocando como parte do time, não deixando que o sorriso milionário se torne uma egotrip, viabilizando empreitadas que equilibram qualidade com um faro apurado para acertar no gosto das plateias.

Se nem sempre essa mistura dá certo – o ótimo “No Limite do Amanhã”, por exemplo, não encontrou seu público –, “Nação Secreta” acerta em cheio e de tantas maneiras que a vontade ao fim da sessão é levantar e aplaudir. É entretenimento puro, que respeita a inteligência da plateia com um roteiro tão absurdo quanto plausível, ao mesmo tempo em que tempera a coisa com ação e humor.

Os riscos são sempre elevados, o perigo é constante e seu protagonista, Ethan Hunt (Cruise, claro), às vezes parece que vai perder as rédeas da situação. Tudo é amarrado com cenas de ação tão explosivas e espetaculares que empalidecem os “Velozes & Furiosos” da vida.

Boa parte do mérito de “Nação Fantasma” é o senso de narrativa apuradíssimo de seu diretor e roteirista, Christopher McQuarrie, com quem Cruise trabalhou no pouco visto (por sinal, veja, é bem bacana), “Jack Reacher – O Último Tiro”. A caixa de brinquedos de “Missão Impossível”, claro, é bem maior, e McQuarrie não se intimidou com o escopo da aventura, explorando ao extremo o absurdo da própria existência da IMF, a “Força-Tarefa Missão Impossível”, um ramo ultrassecreto do governo que opera de maneira nada ortodoxa acima inclusive da própria CIA.

É a própria Agência de Inteligência ianque, representada pelo personagem de Alec Baldwin, Alan Hunley, que enxerga na IMF um órgão que mais atrapalha do que ajuda, deixando em suas missões uma trilha de destruição –mesmo que as vidas salvas sejam ignoradas. Nesse duelo de burocratas, Hunley larga nas mãos de William Brandt (Jeremy Renner), aliado de Hunt, uma IMF em frangalhos e prestes a ser absorvida pela CIA. O último entrave é uma caça às escuras empreendida por Hunt contra o Sindicato, uma organização terrorista que surge como a antítese da Força-Tarefa. Para Hunley, é uma mentira para garantir fundos aos movimentos de Hunt e cia.; para o próprio agente, agora perseguido por seus próprios aliados, é um perigo real e imediato que, caso não seja detido, pode se tornar o maior e mais poderoso agente do caos no planeta.

Chris McQuarrie parece ter prazer especial em colocar Ethan Hunt/Tom Cruise nas situações mais extremas –o passeio de avião do começo, acredite, não passa de aperitivo, completado com tortura, afogamento, acidentes de carro/moto e muita pancadaria. Este é, fácil, o filme mais violento da série. Para isso, o diretor cria em Solomon Lane (o ótimo Sean Harris), líder do Sindicato, o vilão perfeito. Ele parece sempre um passo à frente do protagonista, é cruel, amoral e desprovido de emoções, um vilão que realmente pode matar Hunt.

Ao contrário das aventuras de James Bond e Jason Bourne, porém, “Missão Impossível” é um esforço de equipe, e Ethan conta com o auxílio, além de Brandt, do estoico Luther (Ving Rhames, remanescente lá do primeiro filme, que Brian de Palma dirigiu em 1996), do hacker Benji (Simon Pegg, que tem a melhor química cômica com Cruise desde sempre) e da novata Ilsa (Rebecca Ferguson, da série “The White Queen”).

Ferguson é, de longe, a melhor surpresa de “Nação Secreta”. Em um ano em que os papéis femininos em grandes blockbusters (“Vingadores: Era de Ultron”, “Jurassic World”) ganharam uma justa dose de críticas, sua Ilsa Faust é uma agente mais que capaz de acompanhar –e superar– Hunt em sua missão. Até porque sua verdadeira função, e onde está sua lealdade, é um mistério que o filme saboreia antes de revelar por completo. Em nenhum momento Ilsa surge como “interesse romântico”, mas sempre como uma igual. Honestamente, é o primeiro personagem de um filme da série que eu não me importaria se ganhasse um filme-solo (“As Aventuras de Ilsa”, alguém?).

O fórmula do sucesso de “Missão Impossível: Nação Secreta” termina sendo a mesma tanto no universo ficcional do filme quanto do lado de cá: trabalho em equipe. Quando Cruise convocou J.J. Abrams e sua Bad Robot para produzir a terceira aventura, de 2006, encontrou também os parceiros perfeitos para lhe ajudar a tocar os filmes, sempre com equilíbrio em um bom texto, cenas de ação sempre impressionantes (que Cruise ainda faz questão de encarar com o mínimo, ou nenhuma, interferência de dublês) e bom humor. Parece simples, porque eles o fazem assim.

Seria bacana McQuarrie continuar tocando o barco no próximo filme, que Cruise já avisou que entra em produção ano que vem (ninguém está ficando mais jovem…), mas a tradição de “Missão Impossível” é entregar cada episódio a um autor diferente (John Woo, Abrams e Brad Bird seguiram De Palma, que começou tudo). Com uma máquina tão azeitada, até Woody Allen faria um trabalho formidável.

Por que não?

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Fonte: Uol

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