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A polêmica do vagão rosa: separar homens e mulheres no transporte público é uma boa ideia?

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Autoridades de Pequim estudam implantar nos próximos meses vagões de metrô de uso exclusivo para mulheres na hora do rush. O relatório da comissão de transporte municipal afirma que se trata de uma tendência no desenvolvimento do transporte público mundial. Por ano, o metrô de Pequim faz cerca de 3 bilhões de viagens para suprir a demanda dos 21 milhões de habitantes da cidade. A grande quantidade de usuários gera aperto e constrangimento dentro dos vagões. Para as mulheres, traz o agravante de deixá-las mais vulneráveis ao assédio sexual. Uma pesquisa realizada pelo centro de Pesquisas de Opinião Pública Cantonês de Guangzhou, revelou que 31% das chinesas acreditam que os abusos têm se tornado mais frequentes e, na maioria das vezes, ocorrem dentro do sistema de transporte público.

No Japão, a separação entre homens e mulheres nos vagões existe desde 1912, há mais de cem anos. Foi suspensa e retomada algumas vezes, até ser ampliada para toda a rede sobre trilhos do país seis anos atrás. Em 2010, apenas na linha Midosuji, em Osaka, foram reportados 104 queixas de mulheres sobre homens que tiraram proveito da proximidade física para encoxá-las durante o trajeto. Autoridades locais estimam que o número real de abusos é bem maior, já que muitas se sentem constrangidas em denunciar ou não conseguem identificar os agressores. Uma das vítimas, de apenas 21 anos, contou ter sido assediada mais de vinte vezes em vagões comuns antes de optar por usar somente os vagões rosa, como são chamados os carros destinados exclusivamente às mulheres.

Uma reportagem publicada no ano passado revelou a existência de páginas de Facebook que incentivavam o assédio sexual no metrô. Outra reportagem mostrou o esforço da ONG SaferNet Brasil em tirar do ar esses conteúdos.

A separação de homens e mulheres nos vagões funciona no Rio de Janeiro desde 2006 e em Brasília desde 2013, mas não há fiscalização para garantir que os homens não usem os vagões. Em São Paulo, a Assembleia Legislativa chegou a aprovar a criação de vagões rosas no ano passado, mas o projeto foi vetado pelo governador Geraldo Alckmin, que considerou que a medida não resolveria o problema. Grupos feministas afirmam que a segregação equivale a afirmar que as mulheres são culpadas pelo assédio que sofrem. E que a implantação de vagões exclusivos poderia até mesmo encorajar investidas nos vagões comuns, sob o pretexto de que as passageiras a bordo estariam se arriscando a passar por esse constrangimento. Segundo as ativistas, a única maneira de acabar com o assédio é pela educação, e a convivência entre gêneros é parte importante do aprendizado.

Apesar desses argumentos, a solução foi implantada e aprovada pela população na Indonésia, Índia e Rússia. Já na Guatemala, no México e no Paquistão há ônibus exclusivos para mulheres. Os chineses ainda não tomaram sua decisão, mas parecem estar inclinados a adotar o modelo. Uma pesquisa recente mostrou que 64% aprovam a medida e apenas 28% dizem ser contra ela.

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Fonte: Veja

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