Etapa batizada de Computadores de Lama foi deflagrada nesta terça-feira em quatro cidades. Nas seis fases da operação, a PF contabiliza prejuízos de R$ 432 milhões com fraudes e propinas.
A 6ª fase da Operação Lama Asfáltica, deflagrada na manhã desta terça-feira (27), apura desvios de dinheiro do governo de Mato Grosso de Sul e remessas ilegais ao exterior. Chamada de Computadores de Lama, essa etapa mira operações financeiras realizadas por donos de empresas de informática que já tinham sido alvo da Lama Asfáltica.
A Polícia Federal cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão em Campo Grande, Jaraguari, Dourados e Paranhos. Participam mais de 100 agentes federais, 17 servidores da CGU e 33 da Receita Federal. A Justiça também ordenou o bloqueio de contas bancárias de pessoas físicas e empresas.
Segundo a PF, essa nova fase decorreu da análise dos materiais apreendidos em etapas anteriores, coletados nas fiscalizações, exames periciais e durante a investigação.
Além de apurar a evasão das divisas, a ação também apura desvio de recursos públicos por meio de licitações direcionadas para serviços de informática, aquisição fictícia ou ilícita de produtos, simulação de contratos para o repasse de recursos desviados do governo do estado e utilização de “laranjas” para a ocultação de patrimônio.
Somando todas as fases da Lama Asfáltica, os prejuízos aos cofres públicos passam dos R$ 432 milhões. Para o cálculo, a PF considera as fraudes, valores concedidos irregularmente como benefícios fiscais e as propinas pagas a integrantes da organização criminosa investigada.
Fases da Lama Asfáltica
A primeira operação da PF sobre desvio de dinheiro público em gestões anteriores do governo do estado foi deflagrada em 9 de julho de 2015. A ação apurava fraude em obras públicas –em uma delas, a grama que deveria ser plantada ao longo de três rodovias era substituída por capim. Todos os investigados negaram as acusações.
Segunda fase da investigação, a operação Fazendas de Lama ocorreu em 10 de maio de 2016. Foi a primeira vez que a PF esteve na casa do ex-governador André Puccinelli. Investigação da PF, CGU e Receita indicaram que o dinheiro obtido com corrupção foi usado para a compra de fazendas, daí o nome da ação.
Em julho de 2016, CGU, Receita e PF deflagraram a terceira fase da operação: a Aviões de Lama. Apurações apontaram que os investigados sobre corrupção estavam revendendo bens de alto valor e dividindo o dinheiro com diversas pessoas, com o objetivo de ocultar a origem.
A quarta fase, Máquinas de Lama, foi deflagrada em maio de 2017. Conforme a PF, os alvos direcionavam licitações públicas, superfaturavam obras, faziam aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrompiam agentes públicos. Os recursos desviados resultaram em lavagem de dinheiro.
A quinta fase da operação, batizada de Papiros de Lama, foi deflagrada em 14 de novembro de 2017 e teve o objetivo de acabar com grupo suspeito de desviar R$ 235 milhões em recursos públicos por meio do direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos, financiamento de atividades privadas sem relação com a atividade-fim de empresas estatais, concessão de créditos tributários com vistas ao recebimento de propina e corrupção de agentes públicos.
Nesta quinta etapa da ação, a Polícia Federal apontou inclusive o ex-governador André Puccinelli, que está preso desde junho deste ano, com chefe da organização criminosa que desviada os recursos públicos do estado. Ele responde por crimes como lavagem e desvio de recursos públicos.
A força-tarefa da Lama Asfáltica calcula que os prejuízos aos cofres públicos, somando as seis fases da operação, considerando as fraudes, valores concedidos irregularmente como benefícios fiscais e propinas pagas a integrantes do grupo passam dos R$ 432 milhões.
Fonte: G1