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Rival do WhatsApp, Line aposta em ícones coloridos para ganhar usuários

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Aplicativo japonês se apoia em longa tradição gráfica do país.

line

No aplicativo Line para troca de mensagens, uma conversa de fim de tarde entre colegas pode envolver uma série de ícones coloridos, chamados adesivos – uma forma de convidar alguém para beber ou recusar educadamente:

Homem com uma tulipa de cerveja, piscando.

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Urso ocupado com trabalho em sua mesa.

Homem de joelhos, devastado.

Urso pedindo desculpas.

“Eles são geniais quando não se tem tempo para digitar mensagens inteiras e também não se quer ser rude”, disso Motoko Kondo, de 34 anos, que trabalha numa agência de design em Tóquio. “Às vezes tenho conversas inteiras somente com adesivos”.

O Line faz parte de um número crescente de aplicativos que lutam para controlar o negócio de troca de mensagens entre celulares. Tais empresas não estão apenas concorrendo pelos usuários e seu tempo. Elas também correm para definir como uma geração mais jovem, que cada vez mais se afasta da troca de mensagens tradicional, bem como do Facebook e do Twitter, vai se comunicar em meio às atividades do cotidiano.

“Existe um frenesi de experimentação ocorrendo com o futuro da troca de mensagens, com novas maneiras de se comunicar pelo celular que vão além de digitar alguma coisa e apertar o botão de envio”, afirmou Benedict Evans, sócio da empresa de capital de risco Andreessen Horowitz, que investiu em redes sociais e serviços de mensagens.

Aplicativos como Snapchat e Blink aumentaram a base de usuários recorrendo à espontaneidade, transitoriedade e privacidade, com mensagens que se autodestroem logo após serem abertas. Tais serviços já abocanharam a vantagem inicial do WhatsApp, serviço sem firulas que se concentra em deixar os usuários enviarem e receberem textos, imagens, áudios e vídeos pela internet. O Viber se concentrou em troca de mensagens e em telefonemas gratuitos pela internet.

A Line, startup de Tóquio, em conjunto com a WeChat, da China, buscou apimentar a troca de mensagens com um conjunto de adesivos, jogos sociais e até mesmo previsão do tempo. As ofertas online crescentes fazem deles enormes plataformas de distribuição de conteúdo e não apenas troca de mensagens.

Ideza­wa, um dos executivos da Line
Ideza­wa, um dos executivos da Line

“É a evolução da mensagem”, afirmou Takeshi Idezawa, diretor operacional da Line.

A Line conta com 430 milhões de usuários, quase 90 por cento deles de fora do Japão; a empresa não revela o número de usuários ativos. A WhatsApp divulgou em fevereiro que contava com 465 milhões de usuários ativos mensais, enquanto a Tencent, controladora da WeChat, disse que o total mensal de usuários ativos chegou a 355 milhões no final de 2013.

Tais aplicativos são o alvo de transações frenéticas. A Snapchat rejeitou uma oferta de vários bilhões de dólares do Facebook no ano passado; o Facebook terminou comprando o WhatsApp em fevereiro por US$ 19 bilhões. No mesmo mês, a Rakuten, gigante do comércio digital japonês, adquiriu o Viber por US$ 900 milhões. O Yahoo embolsou o Blink neste mês por um total não revelado.

Analistas especulam que a Line poderia lançar ações ou ser alvo de aquisição por uma empresa como a SoftBank, um de seus anunciantes. Justin Lee, analista de tecnologia do BNP Paribas, avalia o serviço em US$ 15 bilhões – pouco menos do que a avaliação recebida pelo Twitter ao fazer sua estreia na Bolsa de Valores de Nova York em novembro. A Line não quis fazer comentários sobre o assunto.

“O trabalho dedicado à localização realizado pela Line está dando resultado”, Lee escreveu em comentário recente, assinalando a melhora da dinâmica, principalmente no sudeste asiático e na América Latina.

Embora o WhatsApp domine na Europa e na América Latina, usuários nos Estados Unidos não estão com pressa em trocar os torpedos por aplicativos de mensagem, deixando WhatsApp e Snapchat lutando para ganhar mercado. Boa parte da Ásia gira em torno de protagonistas locais: Line e WeChat, na China, e KakaoTalk, na Coreia do Sul.

“Não creio que Line e WeChat tenham a capacidade de desafiar o WhatsApp”, disse Neha Dharia, analista sênior da Ovum, consultoria do setor de tecnologia.

Startups asiáticas como a Line, com todos os seus penduricalhos, poderiam dar aos usuários mais motivos para permanecer com o aplicativo, disse Boris Wertz, fundador da Version One Ventures, empresa de capital de risco em estágio inicial. Contudo, ao mesmo tempo, o conteúdo abundante poderia se mostrar complicado de ser adaptado às necessidades locais. A questão é se novatos como a Line farão sentido para o público norte-americano.

“Muitas plataformas asiáticas desenvolveram experiências mais ricas e profundas, e eu pessoalmente acho que essa abordagem de plataforma mais ampla tem um potencial maior ao longo do tempo”, afirmou Wertz. “Porém, essa mesma experiência rica dificulta a tradução para outras culturas. O uso pesado de adesivos e emoticons pelo Line não tem como ser transportado para a cultura norte-americana”.

Mesmo assim, a empresa foi encorajada pelo sucesso estonteante em casa, onde influencia a vida social online japonesa. Desde 2011, quando o Line explodiu no cenário japonês, o aplicativo mudou o estilo pelo qual as pessoas se escrevem (com conversas baseadas unicamente em adesivos) e na maneira pela qual conversam (“Eu vou dar um Line em você!”). Os principais personagens do Line – Brown, o urso, e Cony, o coelho – estão em todos os lugares, como brinquedos de pelúcia, livros, artigos de papelaria e desenhos animados. Segundo a empresa, seus usuários enviam mais de um bilhão de adesivos diariamente.

Em parte, a Line sensibilizou o Japão por causa do carinho da população por coisas fofinhas, garantem especialistas. Contudo, existem outros fatores em jogo. A rígida forma de escrita do idioma japonês pode ter uma digitação incômoda em smartphones, e os adesivos tornam a comunicação mais fácil e veloz, afirmou Ryoko Morishima, que escreveu vários manuais sobre mídia social.

Os adesivos também permitem aos usuários japoneses expressarem sentimentos diretos que podem ser complicados de comunicar na linguagem formal, explicou Morishima.

“É mais fácil quando um urso fala”, ela disse.

Porém os personagens da Line não se resumem a uma comunicação melhor. Embora o Line seja gratuito para baixar, a empresa vende adesivos de tiragem especial e os personagens povoam seu universo de jogos online – duas grandes fontes de receita. Existem as mercadorias e uma linha de aplicativos periféricos, tais como um serviço de previsão do templo, um site de comércio eletrônico nascente e um aplicativo dedicado a câmeras que permite que usuários acrescentem personagens às fotos.

As empresas podem pagar para a Line oferecer seus personagens, os quais os usuários podem baixar sem custos em troca de virar “amigo” da firma no aplicativo. Um dos adesivos mais populares no Japão neste ano é o Rakuten Cardman, personagem lançado pela gigante do comércio eletrônico de mesmo nome. Há pouco tempo, o personagem arremessou a primeira bola numa partida de beisebol na casa do Tohoku Rakuten Golden Eagles, antigo clube de Masahiro Tanaka, arremessador do New York Yankees.

Tudo isso permitiu à Line construir um modelo de negócios sólido. No intervalo de 12 meses até março, ela ganhou quase US$ 590 milhões com os adesivos, vendas de jogos e anúncios, abaixo apenas dos US$ 665 milhões embolsados pelo Twitter no ano passado.

“A Line se tornou parte da infraestrutura de comunicações”, afirmou Kenichi Sugai, analista de tecnologia da Speeda, plataforma de informações financeiras com sede em Tóquio. “Agora, ela está na corrida global para conquistar usuários e convencê-los de que a troca de mensagens deveria ser assim”.

Naotomo Watanabe, um dos designers da Line
Naotomo Watanabe, um dos designers da Line

A tarefa recai nas mãos de designers famosos de Tóquio, liderados por Naotomo Watanabe, que cria todos os tipos de adesivos para os usuários da Line. Segundo a empresa, os projetos são baseados em pesquisa meticulosa da linguagem, costumes e gírias de cada mercado.

Os usuários norte-americanos costumam preferir adesivos que não deixem margem a mal-entendidos, segundo Watanabe. Assim, os sorrisos são largos e os adesivos costumam vir acompanhados de legendas como “genial” e “bom trabalho”.

Em comparação, no Japão, a Line oferece personagens com sorrisos, sorrisos pela metade e sorrisos discretos. “Nossos colegas dos Estados Unidos perguntaram qual era o sentido do sorrido pela metade. É difícil expressar em palavras. É por isso que usamos adesivos”.

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Fonte: iG

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