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Eleição na Holanda serve de termômetro para ascensão da extrema-direita na Europa

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Eleição legislativa poderá reformular completamente a paisagem política na Holanda.

As eleições na Holanda são consideradas um termômetro da ascensão da extrema-direita na Europa em um ano de eleições em todo o continente. Os locais de votação vão abrir às 7h30 (3h30 de Brasília) e fecharão às 21h (17h de Brasília).

Na véspera de uma eleição legislativa crucial que poderá reformular completamente a paisagem política na Holanda, 60% dos 12,9 milhões de eleitores ainda não sabem em quem votar na quarta-feira entre um número recorde de 28 candidatos.

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“É tão volátil, muita coisa ainda pode acontecer”, explica à AFP Monika Sie Dhian Ho, diretora de um centro de think tanks em Haia, o Instituto Clingendael, citando programas políticos de diferenças menos acentuadas e a importância da performance midiática dos políticos.

Uma pesquisa publicada na segunda-feira pelo site de referência Peilingwijzer, aponta o Partido Liberal e Democrata (VVD) do primeiro-ministro Mark Rutte, à frente, com 17% das intenções de votos. Ele é creditado com entre 24 e 28 cadeiras das 150 que compõem a câmara baixa do Parlamento, longe dos quarenta atualmente à sua disposição.

Candidato a um terceiro mandato à frente do país de 17 milhões de habitantes, Mark Rutte diz “lutar para evitar acordar em 16 de março em um país onde Geert Wilders seja a maior força política”.

Surfando na vaga anti-imigração na Europa, este deputado da extrema-direita viu nas últimas semanas seu Partido para a Liberdade (PVV) recuar, com 14% das intenções de voto e entre 20 e 24 assentos.

‘Expulsar este homem’

“Se querem que a Holanda volte a ser nossa, então expulsem este homem e me coloquem no ‘Torentje'”, o gabinete do primeiro-ministro, lançou Geert Wilders em um virulento debate com o primeiro-ministro.

Conhecido por sua virulenta retórica anti-Islã, o deputado de cabelo descolorido prometeu, caso se torne primeiro-ministro, fechar as fronteiras aos imigrantes muçulmanos, proibir a venda do Corão e fechar mesquitas, num país com uma população de cerca de 5% de muçulmanos, de acordo com estimativas.

“Eu não vou trabalhar com um tal partido, com o Sr. Wilders, não em um governo. Nunca”, declarou Mark Rutte em debate na segunda-feira.

Mesmo que o PVV se torne a maior formação após a votação, o que é pouco provável, o deputado controverso provavelmente não será incluído no governo, uma vez que a maioria dos outros partidos também prometeram não cooperar com ele.

E num cenário político fragmentado, o próximo governo poderia ser composto por quatro ou cinco partidos, uma coalizão em teoria ainda mais frágil.

Crise entre Holanda e Turquia

A reta final de campanha no país foi marcada pela crise diplomática entre Haia e Ancara, após as autoridades holandesas proibirem ministros turcos de participar de comícios em apoio ao presidente Recep Tayyip Erdogan, em Roterdã.

Mais forte após este episódio, na opinião de analistas, o primeiro-ministro pede uma “desescalada” na crise com Ancara.

Geert Wilders, por sua vez, pediu ao governo no Twitter aumentar ainda mais a pressão: “Expulsem o embaixador turco na Holanda e toda a sua equipe”.

“Há uma diferença entre tuítar do seu sofá e governar o país. Se dirigimos um país, devemos tomar medidas sensatas”, disse Mark Rutte, que saiu vencedor do duelo, segundo os meios de comunicação holandeses.

Os partidos tradicionais, como o Apelo Democrata Cristão (CDA) ou os Democratas 66 (D66), poderão desempenhar um papel-chave em uma coalizão futura.

Mark Rutte

Ex-executivo do setor de alimentação e fascinado pelo “sonho americano”, Rutte disputa um terceiro mandato como primeiro-ministro da Holanda e se posiciona para isso como o candidato da segurança e da estabilidade.

Rutte, de 50 anos, que habitualmente cita Ronald Reagan, Margaret Tatcher e Winston Churchill, se converteu nas eleições legislativas de 9 de junho de 2010 no primeiro-ministro liberal da Holanda desde 1918.

Desde então, pilota o barco com tranquilidade, apesar das turbulentas águas holandesas.

Rutte considera seu maior êxito a recuperação econômica do país graças a uma campanha de austeridade orçamentária durante a crise da zona euro.

“Vivemos tempos muito instáveis e perigosos e minha tarefa principal como primeiro-ministro é manter a estabilidade e a segurança do país”, assegurou à AFP.

Durante seis anos trabalhou para o gigante agroalimentar Unilever, especialmente nos recursos humanos, antes de dedicar-se em tempo integral à política, a partir de 2002, quando virou secretário de Estado para Assuntos Sociais.

Segundo seus biógrafos, Rutte, pouco apegado às convenções sociais, dirige um carro popular e continua morando no mesmo apartamento que comprou ao acabar seus estudos.

Aferrado a seus hábitos, come comida indiana aos sábados à noite com sua mãe, de mais de 90 anos, e às vezes é visto nas sextas-feiras em uma pizzaria do bairro, usando camiseta, calça jeans e tênis.

De caráter afável, sabe evitar habilmente com humor as perguntas incômodas durante as coletivas de imprensa e os debates parlamentares.

Nascido em 14 de fevereiro de 1967 em um bairro elegante de Haia e licenciado em História, Rutte é o filho mais novo de uma família de sete irmãos e queria ser pianista.

Muito ligado à família, sofreu com a morte de um de seus irmãos por aids, em 1989.

‘Trump holandês’

A comparação com Donald Trump é fácil porque ambos têm o cabelo claro e despenteado, são viciados no Twitter e possuem uma violenta retórica contra o Islã, embora também haja grandes diferenças entre o presidente americano e o deputado holandês Geert Wilders.

Geert Wilders, que está no Parlamento há quase 20 anos, é a pedra no sapato do que ele mesmo chama de “elite política”.

O Partido Pela Liberdade (PVV), criado por Wilders, pode se tornar após as eleições legislativas de quarta-feira o maior do país. O segundo lugar seria seu maior sucesso desde sua fundação em 2006.

Como a maioria dos demais partidos afirma não vai colaborar com ele, provavelmente não integrará o governo. Mas será uma voz importante da oposição, em uma boa posição para pressionar e mudar a agenda política.

O deputado, de 53 anos, se considera em uma cruzada contra a “islamização” do país e compara o Corão ao livro “Mein Kampf”, de Adolf Hitler.

“Não digo que todos os muçulmanos são ruins ou terroristas, seria ridículo”, afirmou recentemente à AFP.

“Mas acredito que em todos os países onde o Islã é a religião dominante, se pode observar uma falta de liberdade, de democracia, de Estado de direito…”.

Suas declarações virulentas provocaram fama internacional. Ele passou a integrar a lista negra da Al-Qaeda. Vive sob permanente proteção policial.

Adorado e detestado, esse populista de direita divide um país que tem orgulho de uma longa tradição de tolerância multicultural.

Nascido em 1963 em Venlo, sudeste da Holanda, Wilders cresceu em uma família católica, ao lado do irmão e de duas irmãs.

O interesse por política teve início nos anos 1980, afirmou seu irmão Paul à revista alemã Der Spiegel.

“Era fascinado pelo jogo político, as lutas pelo poder e a influência”, disse a respeito do irmão, mestre na arte de utilizar os meios de comunicação, os quais acusa de parcialidade.

Sua aversão pelo Islã surgiu aos poucos. Em Israel, onde morou por um ano, foi testemunha das tensões com os palestinos. Em 2002 foi tomado pela comoção com o assassinato do populista Pim Fortuyn, de quem é herdeiro político direto, e dois anos mais tarde ficou chocado com a morte do cineata anti-islã Theo van Gogh.

“Recordo que minhas pernas tremiam, em estado de choque”, descreveu em um livro em 2012.

“Posso dizer honestamente que senti revolta, não medo”.

Para alguns, Geert Wilders é uma figura isolada. Casado com uma cidadã húngara e sem filhos, seu partido é oficialmente uma associação com um único membro: ele mesmo. E sua segurança limita seus contatos com o mundo exterior.

Fonte:G1

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