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Após fugir da Venezuela, transexuais tentam recomeçar vida no Rio e relatam preconceito e agressões

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G1 conversou com venezuelanas que lutam por nova vida no Brasil. Elas contaram que foram agredidas ao serem confundidas com prostitutas: ‘Bateram na minha cara, na minha perna’.

Quatro transexuais venezuelanas que fugiram de seu país em busca de melhores condições de vida conseguiram chegar ao Rio, em julho, por meio de um programa de interiorização do Governo Federal. Em entrevista ao G1, elas relataram as dificuldades para recomeçar suas vidas, incluindo casos de agressões e homofobia.

Francis Lombardi, de 28 anos, e Maria Gabriela Hernandez, de 22, se conheceram em Roraima há nove meses e vieram para o Rio juntas. Já foram roubadas, apanharam e sofreram preconceito desde que chegaram ao país.

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”Teve uma situação muito feia que eu passei lá em Roraima. Lá tinha muito preconceito. Em duas ocasiões, que eu saí na rua e encontrei dois travestis, eles bateram na minha cara, na minha perna, nos meus braços porque elas pensavam que eu também vivia na rua me prostituindo e vendendo meu corpo. Mas isso não era verdade”, conta Gabi, como é conhecida.

Francis Lombardi passou por uma situação parecida, quando já morava no Rio de Janeiro. Foi assaltada, apanhou e teve a prótese dentária quebrada pelos ladrões.

“Existe uma confusão em que todas as meninas trans são prostitutas, e não somos prostitutas”, diz Francis.
As quatro trans foram abrigadas na Casa Nem, na Lapa, Zona Norte do Rio. A fundação não tem fins lucrativos e funciona a partir de doações. Lá vivem pessoas de diferentes orientações sexuais e que estão em situação de vulnerabilidade.

Situação na Venezuela

As amigas afirmaram que, antes de o país entrar em colapso, elas tinham uma vida boa. A dupla possui formação acadêmica e trabalhava em suas respectivas áreas. No entanto, com a crise que se instalou na Venezuela, se viram obrigadas a conseguirem melhores condições de vida para tentar ajudar suas famílias.

“Minha vida na Venezuela era uma vida bem legal, uma vida boa. Mas quando começou a ficar ruim o governo, as pessoas começaram a vender suas coisas e querer sair do país porque a cada dia piorava mais a situação. Muitos venezuelanos começaram a sair. Eu tinha minha casa na Venezuela, meu carro, tinha minha vida profissional, sou engenheira industrial. Mas quis sair de lá e peguei dinheiro para ir até a fronteira com o Brasil”, conta Francis.

Gabi lembra que nos seus últimos dias na Venezuela não tinha o que comer dentro de casa. Ela afirmou que trabalhava, em alguns momentos, em dois lugares diferentes. No entanto, todo o esforço não era suficiente para ter uma vida decente.

“Nosso país está atravessando uma crise enorme em seus diferentes aspectos: social, econômico, cultural e, mais que tudo, político. Eu me vi na obrigação de sair do meu país por isso. Estava tudo um caos, não se conseguia comida, você trabalhava, podia ter até dois trabalhos, mas seu dinheiro não dava para nada. Ou se comprava comida ou se comprava remédios.”

E o futuro no Rio?

As quatro transexuais estão frequentando aulas de português e estão matriculadas em um curso de moda. A Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio informou que elas foram inscritas no programa Trans+Respeit, elas estão recebendo assistência social e saúde.

“Eu estou aqui para melhorar a minha vida, não estou aqui para me meter com ninguém, para faltar o respeito com ninguém. Quero procurar um trabalho, ajudar minha família que está na Venezuela, mudar meu estilo de vida, ter um aluguel próprio, ter um trabalho e falar a língua portuguesa bem. Isso que eu quero para minha vida, estou com um projeto de vida bem legal. Respeito todo mundo, mas me sinto horrível quando somos discriminadas”, reclama Francis.

Gabi também quer trabalhar e ajudar a família. Não quer viver de doações ou caridade, pretende melhorar o português e conseguir um emprego para ajudar a família.

Fonte: G1

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